quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Porque nem sempre a vida é perfeita... #2

Estava no fim do ano de 2010, um ano próspero; tinha acabado o meu curso, estava a recuperar da doença que já me assombrava há 4 anos, tinha começado a trabalhar na empresa construída pelo meu avô (um sonho meu de infância), vivia então uma época repleta de felicidade. Ainda me lembro como se fosse ontem o Natal de 2010, Natal este que viria a ser o último a passar com a pessoa mais importante da minha vida.
Era a manhã do dia 27 de Dezembro de 2010, eu estava a dormir, até que acordo e vejo 10 chamadas no meu telemóvel de um tio. Ligo, e dá-me a terrível notícia que a minha avó tinha sofrido outro AVC (tinha tido um em Agosto de 2009). Desato aos gritos. Uma dor profunda apoderou-se de mim. Eu não poderia perder a minha avó.
Quando chego ao hospital, a médica informa-nos que era irreversível, caso sobrevivesse estaria para sempre numa cama. Claro, que nestes momentos o ser humano é egoísta, e eu preferia a minha avó acamada, do que não tê-la comigo, embora sabia que ela iria sofrer muito e principlamente não ia querer ver-nos sofrer. Mas ela era um forte pilar para mim, era como uma mãe, desde sempre tive com ela. Eu passava mais tempo com a minha avó do que com a minha mãe. Eu não conseguia imaginar a minha vida sem ela.
Não conseguia ir vê-la, a minha mente nem se acreditava no que estava a acontecer, só queria acordar e ver que não tinha passado de um terrível pesadelo. 
1 de Janeiro de 2011, dia esse em que ganhei coragem de ir ao hospital para vê-la. Estavamos todos na recepção do hospital, já todos tinham ido vê-la, faltava apenas eu e o meu pai. O meu pai subiu sozinho. Quando desceu, olhou para mim, já com os olhos lavados em lágrimas, e abanou a cabeça. Ninguém consegue imaginar a dor que foi naquele momento, eu só me apetecia chorar, desaparecer, tudo... Senti-me perdida, sozinha no mundo e vi que nunca mais a minha vida iria ser a mesma. Só quem tem laços destes com alguém é que poderá perceber a dor que se sente num momento destes.
Recordo-me daqueles terríveis dias e sei que nunca vou esquecer, nem nunca vou conseguir ultrapassar esta perda. Todos os dias penso nela e todos os dias luto pelo que quero e sei que onde quer que ela esteja está a olhar por mim e feliz por todas as conquistas minhas e da nossa família.
Não deixei que ninguém se desfizesse das coisas dela e a qualquer hora dou por mim a mexer em tudo o que era dela e a sentir ainda o cheiro dela. Tenho também a necessidade de todas as semanas levar flores ao jazigo dela.
Foi uma altura em fraquejei e nem me importava que a doença se apoderasse de mim, só queria a minha avó de volta.


                                                                                                                                                                                             (continua)

4 comentários:

Joana (Palavras que enchem a barriga) disse...

Eu também tinha um laço assim, mas com o meu avô. E desgostos destes nunca passam. Ficam mais pequenos, mas ficam connosco para sempre :(

Beijinhos!

carolaine disse...

custa sempre. a morte é uma merda, leva sempre os melhores ...

Cláudia disse...

Senti o mesmo com o minha avó e sinceramente, partem sempre os que nos fazem mais falta....

Todos os dias também penso na minha avó que já partiu... E nunca tive assim uma ligação muito forte... Só mais para o final é que a nossa ligação aumentou, mas eu sempre gostei dela!

Foi uma perda grande e apesar de sabermos que é a "lei da vida", custa sempre... e muito!

Beijocas

sandra disse...

Não imaginas como sei bem o que isso é ,eu fui criada com a minha avó era o tesouro dela e para mim ela era o meu pilar simplesmente tudo quando a perdi há 6 anos atraz desejei morrer não havia um único dia que não quizesse morrer chorei de noite e de dia fiquei practicamente sózinha e ainda não há um único dia em que não pense nela mas como tu dizes só quem passa por isto é que sabe o que é uma dor assim e como te compreendo,bjinhos